terça-feira, março 21, 2006

VIDA DE BOMBEIRO


A partir de hoje estarei colocando aqui, as terças-feiras, as "Crônicas do Jacaré", uma coluna semanal que meu pai escreve nos jornais da cidade de Barretos há mais de 20 anos.

Em breve ele vai lançar um livro contando sua história de vida, sobre fazendas, obras, estradas, amigos, família e 2 corações.

Para irem se acostumando com a linguagem que vai estar no livro e conhecer um pouquinho mais sobre ele, segue a coluna do último final de semana.

VIDA DE BOMBEIRO

Meu leitor eu tenho a dizer a você uma verdade.
Uma verdade insofismável por sinal, que vida de bombeiro é fogo. Um amigo meu, o bombeiro Roberto que trabalha junto com o bombeiro Alegria que mora lá nas Três Barras e já me avisou que existe fogo amigo e fogo inimigo. Fogo amigo quando se trata de atirar para matar, um tiro de fogo e o fogo, no caso, do bombeiro é sempre inimigo. O Bombeiro quer acabar é com o fogo, de fato.

Um dos capítulos do meu livro, o tal, chama-se “Amigos da Padaria” nele conto uma passagem de uma época de minha vida, já com dois corações batendo no peito.Bom daí é que vem a crônica de hoje, moçada.

Tenho amigos que se sabe lá por que têm raiva, não gostam e detonam o fato de eu ter dois corações batendo no meu peito. Deixa pra lá que eles, essas pessoas, devem ter seus motivos para tal. Mas o que quero dizer é que fogo amigo não existe e que ele é mesmo é para matar.Eu,por exemplo,não morri.”Mata” é alguns de raiva.

Mas estive na tal padaria esses dias e outra vez muitos e quase todos, do balcão para dentro, fizeram uma farra alegre me cumprimentando. Alguns até fizeram questão de abraçar.O Abraço é uma prova incondicional do Amor, muitos já sabem disso.

Ocorre que tenho, por necessidade e estilo, assinado minhas crônicas; as mais recentes, dizendo que sou um cronista atrás de patrocinador para meu livro, de editor para meu livro, alguém que faça que o livro exista. Tenho feito isto de forma regular e sincera ultimamente. Mas ao chegar na padaria outro dia uma pessoa,das mais abastadas da cidade e de nível intelectual,sim isso mesmo, muito alto disse:
-“Hei Jacaré, que ridículo você ficar pedindo patrocínio em publico para seu livro.”

Nada respondi.

Claro que por calunia e demagogia muito maior já me calei; amor incondicional. Apenas isso.

Ele continuou:
-“Você usa o espaço que o jornal te dá de graça para pedir coisas para você?”

Não entendi o que queria dizer, mas achei pela primeira vez na minha vida que isso é que era o tal de fogo amigo. Nada retruquei então. Mas, havia chegado meu pãozinho na chapa e o cafezinho tirado pelo Adriano, molhando o pão no café comecei a pensar.
Fazer o quê?
Falar mal?
Falar mal por quê?

Seria que eu não tenho o direito de escrever um livro?
Claro que tenho e o “As Sete vidas do Jacaré” vai explicar por que já estou em minha quinta (ilusória) vida.

Será que não posso pedir isso em publico?
Por que é ridículo?
Povo doido pensei.

O prefácio do livro está sendo escrito por um jornalista digamos assim, reconhecido; eis que escreve aos domingos no jornal O Estado de São Paulo, e se prontificou como de fato está corrigindo principalmente ‘ponto’ e ‘vírgulas’ dos meus textos.

A dedicatória de meu livro “As Sete vidas do Jacaré” já escrito contempla umas linhas suficientes para agradecer a presença dessa pessoa na minha vida, que me fez lembrar do fogo amigo.

E agora?

Continuo agradecendo agora, até exatamente por isso e por não ter revelado, já que nada importa mesmo, o teor da dedicatória. Mas a vocês leitores revelo que não mudarei o teor do texto, que coloco essa pessoa como fazedora do bem. Das que sempre,hoje um pouquinho abalado;ajudam o amigo em qualquer dificuldade e não sair falando mal dele,do amigo, pela aí.

Pena que ele não mereça de todo, mas sem saber terá a chance de se modificar, pois não saberá o que era que está escrito no livro.
Mas saberá pelo que está escrito aqui hoje?
Não, não saberá mesmo, pois foram mais de dez, para encurtar, que manifestaram o ridículo de eu pedir editor em publico para a edição do meu livro.

O Plínio Marcos vendia de porta em porta. Não, não sou Plínio Marcos mesmo. É pena.
Mas fogo amigo mata antes da morte.

Horacio Antonio,
fazendo novena para achar editor.
azul@mdbrasil.com.br